Objetivo deste blog é o ensino da língua portuguesa de um modo interessante, prático, eficiente e rápido.

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El objetivo de la presente obra es enseñar la lengua portuguesa en forma interesante, práctica, eficiente y rápida.

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domingo, 6 de novembro de 2011

Novo Acordo Ortográfico

 


Com a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico, muitos podem pensar: “de que valeu o esforço para entender por que ‘infraestrutura’ se escrevia com hífen e anti-imperialista, sem ele?”
Entretanto, esteja a favor do acordo ou contrário a ele, ninguém está livre de uma revisão ortográfica.
O acordo, porém, visa unificar a ortografia e não a pronúncia e o significado das palavras.
As tiras abaixo são um bom exemplo disso. A primeira saiu em um jornal português; a segunda, num jornal brasileiro.
Pela fala expressamos a melodia da língua. É um processo quase intuitivo, que praticamos quando expiramos com maior ou menor força.
Na escrita, utilizamos recursos gráficos para “ensinar” ao leitor a cantar essa melodia, ora apontando a sílaba tônica, ora indicando se o som vocálico é aberto ou fechado com o uso dos sinais diacríticos. Por isso é que se diz que a palavra “acento” encontra sua etimologia, ou seja, a origem da sua formação na expressão latina ad cantum (=para o canto).
Sinal diacrítico é um signo gráfico que se associa a uma letra para lhe dar uma característica fonética diferente daquela que a letra possui isoladamente. Exemplo clássico de sinal diacrítico é a cedilha, que diferencia a pronúncia do < c > de 'caco' do < c > de 'caço' (do verbo 'caçar'). Além dela, existem o acento agudo ('lá'), o til ('lã'), o acento circunflexo ('lâmpada') e o acento grave ('àquela').
Então, se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar” a melodia da língua, quais as regras formuladas pelo Novo Acordo Ortográfico no particular?
No que interessa aos brasileiros, a acentuação gráfica, que é tratada nas Bases VIII, IX, X e XI do Acordo, é o tema em que se verifica o maior índice de alterações, se considerada a quantidade de palavras que tiveram a grafia modificada.
De modo geral, as modificações se concentram:
. nas palavras paroxítonas (‘heroico’, ‘ideia’),

. naquelas em que ocorre hiato (‘feiura’, ‘voo’) e

. nas homógrafas, ou seja, que têm a mesma grafia (‘pelo’, ‘pera’).

Essas modificações têm sempre o objetivo de eliminar os acentos gráficos até então presentes nesses grupos de palavras, e não de acrescentá-los.
1ª REGRA:

Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja formada pelos ditongos abertos < ei > e < oi >.
Como era antes
Como deve ser agora
alcalóide
alcaloide
alcatéia
alcateia
apóio (verbo apoiar)
apoio
asteróide
asteroide
assembléia
assembleia
bóia
boia
clarabóia
claraboia
colméia
colmeia
Coréia
Coreia
Galiléia
Galileia
geléia
geleia
hebréia
hebreia
heróico
heroico
idéia
ideia
intróito
introito
jibóia
jiboia
jóia
joia
odisséia
odisseia
onomatopéia
onomatopeia
paranóico
paranoico
platéia
plateia
protéico
proteico
tramóia
tramoia

Atenção:


2ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais < i > e < u > precedidas de ditongo.

Como era antes
Como deve ser agora
baiuca
baiuca
bocaiúva
bocaiuva
boiúna
boiuna
cauíla
cauila
feiúra
feiura
maoísmo
maoismo
Sauípe
Sauipe
taoísmo
taoismo




Atenção:

3ª REGRA:
Elimina-se o acento circunflexo nos seguintes casos:
1. Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos ‘crer’, ‘dar’, ‘ler’, ‘ver’ e seus derivados.
Como era antes
Como deve ser agora
crêem (verbo crer)
creem
dêem (verbo dar)
deem
descrêem (do verbo descrer)
descreem
lêem (verbo ler)
leem
relêem (do verbo reler)
releem
vêem (verbo ver)
veem

2. Na vogal tônica fechada do hiato < oo > em palavras paroxítonas, seguidas ou não de < s >.

Como era antes
Como deve ser agora
abençôo (verbo abençoar)
abençoo
dôo (verbo doar)
doo
enjôo (verbo ou subst.)
enjoo
magôo (verbo magoar)
magoo
perdôo (verbo perdoar)
perdoo
povôo (verbo povoar)
povoo
vôo (verbo ou subst.)
voo
zôo
zoo

4ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que contenham < qu > e < gu > rizotônicos, ou seja, quando o < u > presente nessas sequências é tônico e faz parte da raiz do verbo.



Na prática, além de perderem o trema quando o < u > é átono, verbos como ‘arguir’ e ‘redarguir’ e suas flexões não mais recebem o acento agudo, ainda que mantida a tonicidade no < u >.

ARGUIR
arguo, arguis, argui, arguímos, arguís, arguem
REDARGUIR
redarguo, redarguis, redargui, redarguímos, redarguís, redarguem


Atenção:
 

1. Nas formas rizotônicas, ou seja, quando a tonicidade recai sobre o radical (aquele elemento que aparece em todas as formas flexionadas de verbos regulares), acentuam-se o < a > e o < i > do radical.
Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos ‘aguar’ e ‘averiguar’, em que a tonicidade recai sobre os radicais < ag > de ‘aguar’ e < averig > de ‘averiguar’.

AGUAR
AVERIGUAR
(eu) águo
(que eu) águe
(eu) averíguo
(que eu) averígue
(tu) águas
(que tu) águes
(tu) averíguas
(que tu) averígues
(ele) água
(que ele) águe
(ele) averígua
(que ele) averígue
(nós) aguamos (*)
(que nós) aguemos
(nós) averiguamos
(que nós) averiguemos
(vós) aguais
(que vós) agueis
(vós) averiguais
(que vós) averigueis
(eles) águam
(que eles) águem
(eles) averíguam
(que eles) averíguem

(*) Observe que, nas formas destacadas, a sílaba tônica recai fora do radical < ag > de ‘aguar’ e fora do radical < averig > de ‘averiguar’. Portanto, não são acentuadas. Veja o caso seguinte.
AGUAR
AVERIGUAR
(eu) aguo
(que eu) ague
(eu) averiguo
(que eu) averigue
(tu) aguas
(que tu) agues
(tu) averiguas
(que tu) averigues
(ele) agua
(que ele) ague
(ele) averigua
(que ele) averigue
(nós) aguamos
(que nós) aguemos
(nós) averiguamos
(que nós) averiguemos
(vós) aguais
(que vós) agueis
(vós) averiguais
(que vós) averigueis
(eles) aguam
(que eles) aguem
(eles) averiguam
(que eles) averiguem

 Assim, se a tonicidade recair sobre o < u >, este não receberá acento gráfico, como nas formas ‘enxague’, ‘oblique’; porém, se a tonicidade recair sobre as vogais < a > ou < i > da sílaba anterior, estas, obrigatoriamente, receberão acento gráfico (‘enxágue’, ‘oblíque’).

Atenção:

5ª REGRA:
Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia, verifica-se o fenômeno da homografia.
As palavras homógrafas podem também ser homófonas, ou seja, terem o mesmo som, apresentarem os mesmos traços fonéticos. Para a Ortografia isso representava um complicador, daí a criação de ACENTOS DIFERENCIAIS – agudo ou circunflexo –, a fim de que, mesmo se tomadas isoladamente, fora de contexto, essas palavras contivessem “marcas” que indicassem a qual campo semântico pertenciam.
Entretanto, com a entrada em vigor do Novo Acordo, a regra geral é no sentido de que não mais se distinguem palavras homógrafas.

Como era antes
Como deve ser agora
pára (verbo parar) / para (preposição)
para (verbo e preposição)
péla (verbo pelar) / pela (preposição) / péla (substantivo)
pela (preposição, verbo e substantivo)
pólo (substantivo) / pôlo (substantivo) / polo (preposição antiga)
polo (substantivos e preposição)
pélo (verbo pelar) / pêlo (substantivo) / pelo (preposição)
pelo (verbo, substantivo e preposição)
pêro (substantivo) / pero (conjunção antiga)
pero (substantivo e conjunção antiga)
pêra (substantivo) / pera (preposição antiga)
pera (substantivo e preposição antiga)

 
Apenas algumas palavras permanecem acentuadas para se distinguir pelo acento gráfico:
- ‘pôr’ (verbo) para diferenciar de ‘por’ (preposição);

- ‘pôde’ (verbo na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para diferenciar de ‘pode’ (3ª pessoa do singular do presente do indicativo); e

- os verbos ‘ter’ e ‘vir’, bem como seus derivados (‘manter’, ‘deter’, ‘reter’, ‘conter’, ‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc.) para diferenciar as formas da 3ª pessoa no singular (presente do indicativo) das formas da 3ª pessoa no plural (presente do indicativo).

6ª REGRA:
CASOS FACULTATIVOS
O Acordo recebeu assim a duplicidade articulatória de algumas palavras geralmente provenientes do francês, que, como reporta, “nas pronúncias cultas, ora é registrada como aberta, ora como fechada”, admitindo, pois, tanto o acento agudo como o acento circunflexo:
1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o acento agudo quanto o acento circunflexo.


É facultativo
bebê
bebé
bidê
bidé
canapê
canapé
caratê
caraté
crochê
croché
guichê
guiché
nenê
nené
purê
puré
rapê
rapé


2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’;
3) É facultado, para fins de diferenciação, o uso do acento agudo nas formas verbais paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural, quando coincidirem com a forma verbal correspondente do presente do indicativo.
Presente do Indicativo
Pretérito perfeito do Indicativo
Aceita-se a grafia para representar o pretérito perfeito
amamos
amamos
amámos
cantamos
cantamos
cantámos
dançamos
dançamos
dançámos
louvamos
louvamos
louvámos


Atenção:





Veja, a seguir, um quadro resumido das novas regras de acentuação gráfica:



QUADRO  RESUMIDO

ACENTUAÇÃO GRÁFICA
REGRA NOVA
EXEMPLOS
ATENÇÃO!
Como era
Como fica
Não se acentuam mais os ditongos abertos < ei > e < oi > das palavras paroxítonas.
andróide, estóico, geléia, heróico, idéia, platéia
androide, estoico, geleia, heroico, ideia, plateia
O acento permanece:
1) Nas palavras oxítonas, mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei > e < oi >,  como em: ‘hotéis’, ‘heróis’, ‘papéis’, ‘troféu’, ‘troféus’;
2) Nas paroxítonas terminadas em < r >, como ‘blêizer’, ‘contêiner’, ‘destróier’, ‘gêiser’;
3) Nos monossílabos tônicos: ‘dói’, ‘méis’, ‘réis’, ‘sóis’.

Não se acentuam mais o < i > e o < u > tônicos quando vierem depois de ditongos em palavras paroxítonas.
baiúca bocaiúva, cauíla, feiúra
baiuca, bocaiuva, cauila, feiura
O acento permanece:
1) nas palavras oxítonas em que o < i > e o < u > aparecem em posição final, seguidos ou não de < s >, tal como em ‘Piauí’ e ‘tuiuiús’;
2) nas paroxítonas em que o < i > e o < u > não vêm depois de ditongo, como acontece em ‘juíza’, ‘uísque’, ‘ruína’ e ‘saúva’.

Não se acentuam mais as palavras terminadas em < eem > e < oo >.
abençôo, crêem, enjôo, lêem, perdôo, vêem
abençoo, creem, enjoo, leem, perdoo, veem


Não se acentua mais o < u > tônico precedido de < g > ou < q > na conjugação de verbos como arguir, redarguir, apaziguar, obliquar e averiguar.
apazigúe, argúi, averigúe, obliqúe
apazigue, argui, averigue, oblique

Não se usa mais o acento diferencial em: ‘pára/para’, ‘péla/pela’, ‘pêlo/pelo’, ‘pólo/polo/pôlo’, ‘péra/pêra’.
“Ela pára o carro”;
“Foi ao mercado comprar pêra”;
“Viajaram ao pólo Norte”;
“O cachorro estava com o pêlo macio”

“Ela para o carro”:
“Foi ao mercado comprar pera”; “Viajaram ao polo Norte”;
“O cachorro estava com o pelo macio”.

Permanecem os seguintes acentos:
1) o que diferencia ‘pode’ (verbo ‘poder’, 3ª pessoa do Presente do indicativo) de ‘pôde’ (verbo ‘poder’, 3ª pessoa do Pretérito Perfeito do indicativo);
2) o que diferencia ‘por’ (preposição) de ‘pôr’ (verbo);
3) o que diferencia o singular do plural na 3ª pessoa do Presente do Indicativo dos verbos ‘ter’ e ‘vir’ e seus derivados, tais como ‘manter’, ‘reter’, ‘deter’, ‘conter’, ‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc:
ele mantém/ eles mantêm; ele detém/eles detêm; ele intervém/eles intervêm.


Devido à duplicidade articulatória observada em certas regiões, admite-se tanto o acento agudo como o acento circunflexo em algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico.
‘bebê ou bebé’; ‘bidê ou bidé’, ‘caratê ou caraté’; ‘guichê ou guiché’; ‘nenê ou nené’
São facultativos:
1) o acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’; e

2) o acento circunflexo para diferenciar as palavras ‘forma’ (substantivo e verbo ‘formar’) e ‘fôrma’ (substantivo).
Para fins de diferenciação, é facultativo o uso do acento agudo nas formas verbais paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural, quando coincidirem com a forma verbal correspondente do presente do indicativo.
‘amamos ou amámos’;
‘cantamos ou cantámos’;
‘louvamos ou louvámos’